sexta-feira, 8 de agosto de 2008

CONTRA-PARTE



Contra Parte

Careço de uma contra parte!
Necessariamente não precisa ser a minha.
Pois essa não sei se existe ou se já a tive.
Mas o que importa é que necessito.
Que seja bela,
no meu entender de beleza.
Que fale o indispensável e o inimaginável,
que não queira discutir a relação,
que sua relação seja comigo.

Careço de uma contra parte!
Prá beijar na boca nos pontos de ônibus.
Prá acaricar na escada rolante.
Prá mandar flores nas sextas-feiras chuvosas.
Que seja inteligente,
no meu saber de inteligência.
Que me ofereça a nuca,
que me oferaça o púbis,
que me ofereça as ancas.

Careço de uma contra parte!
Que me tire dos instantes deselegantes,
que não me corrompa ou troque de papéis,
que diga que sou o maior e que a possuo.
Para andarmos pelas calçadas caçoando,
moldarmos o tempo e forjaremos o espaço,
eu e minha contra parte.

Mas não precisa ser minha.