segunda-feira, 14 de julho de 2008

Urtiga




Arde em mim algo que 'inda não sei,
transpassa a alma
e de forma difusa vem me incomodar.
São noites e dias que teimam se alternar,
são dores e chagas que insistem em me assolar.
Arde com a força de mil vulcões.
Erupções à flor da pele,
pelos gânglios,
pelo sujo sangue que bombeia.
Tumores expostos a todos os transeuntes,
um chapéu velho estendido na calçada,
migalhas de trocados lançadas com dó.
Arde pelas costas,
encostadas no velho casario,
meu corpo estendido pela calçada.
Vivo num mundo à parte,
parte de mim concorda,
a outra nem se manifesta.
Infestada pelo ópio e sem heroínas,
cambaleio pelos espaços abertos
a procura de menos ardor.
Arde em cada respirar,
(se é que hoje respiro)
e em todas as apinéias.
As unhas já não resolvem,
esfregar-me nos muros,
roçar-me nos troncos das árvores.
As mãos titubeiam mas mesmo assim,
continuo colhendo as urtigas.

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